z 16/06/2021 - EM RESENDE COSTA E SÃO JOÃO DEL-REI, COMÉRCIO REINVENTA-SE

EM RESENDE COSTA E SÃO JOÃO DEL-REI, COMÉRCIO REINVENTA-SE

Mais de um ano de pandemia e incerteza. Só a aceleração do processo de vacinação vai permitir a volta de certa normalidade, admitem lideranças empresariais. Uma coisa é certa: “A pandemia do coronavírus tirou todos da sua zona de conforto e o comércio teve que se reinventar para se manter nos momentos de oscilação das ondas mais restritivas”, constatam Luara Ramona e Cláudio Rocha, respectivamente presidente e tesoureiro da ASSETURC (Associação Empresarial e Turística de Resende Costa).

Este período de pandemia “está sendo muito desafiador para o empresariado; toda esta transformação social e econômica que estamos vivendo, novos desafios para as lojas físicas, como a falta de clientes na porta… A tradicional abordagem do cliente na loja, a negociação com o cliente no ato da compra na loja física, isso tudo de certa forma ´acabou´”, confirma Afonso Henrique Cyrne Farias, coordenador do SINDJOVEM (Conselho de Jovens Empreendedores do Sindcomércio – São João del-Rei).

Os negócios estão desaquecidos, atestam os dirigentes da ASSETURC, por fatores como alta de preços, desaceleração das ajudas governamentais e redução drástica da renda. Uma das “vítimas” é o artesanato, principal atividade econômica de Resende Costa. “Nossa principal renda é o artesanato que depende do turismo de varejo e atacado; nossa população depende direta e indiretamente dele.” Outra vítima é o comércio local, que enfrenta “um alto índice de desocupados” entre seus colaboradores diretos e indiretos. Já o agronegócio local beneficiou-se do bom momento do setor, “mas distribui pouca renda em nossa região, ainda mais com a alta nos preços dos principais insumos (soja e milho, dólar alto)”. Por sua vez, os aposentados “vêm vivendo bastante alavancados em empréstimos”.

Os setores mais afetados em São João del-Rei foram os de eventos, academias, bares e restaurantes, diz Afonso Farias. “Esses setores sofreram grande retração de clientes e foram muito prejudicados, sendo forçados a reduzirem o quadro de funcionários e a se adaptarem ao meio digital”. No setor de bares e restaurantes, “de certa forma, foi menor o impacto, pois esse setor se adaptou ao meio digital, oferecendo delivery para os clientes”. Já nos setores de eventos e academias, “o cenário é bem pior, pois ficaram impossibilitados em quase 100% de operarem”.

Em Resende Costa, o comércio vem atendendo de maneira mais restrita os seus clientes, trabalhando muito forte no delivery e apostando todas as fichas no mercado digital, dizem Luara e Cláudio. “Essa ferramenta possibilitou uma manutenção e regramento do crescimento; ou seja, como consequência, houve redução da mão de obra empregada, tanto CLT quanto informal.”

Em São João del-Rei, a orientação é no sentido de estudar, inovar, aprender e buscar novas formas de conquistar o cliente, receita Afonso Farias. “O cenário que temos atualmente é a venda de forma digital, abordando os canais de WhatsApp, Facebook, Instagram e o e-commerce.” Muitos empresários “compraram a ideia e estão atuando forte nos meios digitais, fazendo ´lives´ dos produtos nas lojas, reduzindo custos e se reinventando.”

 

Apoios

Este ano, as ações de ajuda dos governos, quanto à manutenção das empresas, têm sido muito acanhadas em relação a 2020, dizem os dirigentes da ASSETURC. Eles destacam o apoio de várias entidades ao turismo de Resende Costa, como Sebrae, Sicoob Credivertentes, Prefeitura Municipal, Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado e a própria Associação. “A fé em dias melhores e os planos que traçamos para o desenvolvimento do segmento de renovação do nosso turismo vão nos dando um pouquinho de esperança.”

Em São João del-Rei, o principal apoio veio do Governo Federal, com a possibilidade de redução ou suspensão do contrato de trabalho, conta Afonso Farias. “Isso ajudou a evitar demissões e, além disso, permitir o trabalho mais ´seguro´ ao colaborador na forma de homeoffice.” Na esfera estadual, o apoio não foi muito expressivo; e o município prorrogou alguns impostos de sua competência.

 

Ações

As lideranças empresariais acreditam que este será um ano difícil, mas não se dão por derrotadas. Em Resende Costa, “ideias viraram metas, estão saindo do papel e tomando corpo. Temos ações ainda acanhadas, mas prontas para serem implementadas no momento certo (pós-pandemia)”, dizem Luara e Cláudio. “Assim, acelera-se o processo de retomada do crescimento econômico e de valorização da cultura do nosso artesanato.”

Entre as medidas, a finalização do selo de procedência dos produtos têxteis do tear artesanal; implantação da Carteira Nacional do Artesão (validada pelo Estado de Minas Gerais); e a retomada da construção do CAT (Centro de Atendimento ao Turista). “O CAT será o nosso ´boas-vindas´, conectando os turistas aos novos circuitos turísticos que serão desenvolvidos e implementados assim que possível.” Mas a esperança dos dirigentes da ASSETURC é que o processo de vacinação ganhe velocidade para que haja “uma imunização mais eficiente” e os turistas retornem.

Em São João del-Rei, uma das metas é evitar demissões, mesmo com a incerteza econômica (o “fecha e abre”) e a falta de cronograma de vacinação em massa, diz Afonso Farias. “A economia anda de mãos dadas com a vacinação e a prevenção; enquanto não houver um plano rápido e efetivo de vacinação e prevenção, vamos continuar a ´engatinhar´, economicamente.”

Enquanto isso, o SindJovem vai mantendo a sua estratégia de promover “lives” e campanhas nas redes sociais – a atuação nos meios digitais tem gerado “bons frutos de vendas”. Além disso, grupos reúnem-se semanalmente para discutir as ações a serem adotadas nas empresas “para gerar conteúdo e, com isso, atingir as vendas”. Também são realizadas palestras em supermercados e outras instituições locais para reforçarem as medidas de segurança e reduzirem a contaminação e disseminação do vírus.

Por José Venâncio de Resende (Jornal das Lajes - 16/06/2021)

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